A Baía de Angra exige um projecto de excelência, enquadrando a cidade de Angra do Heroísmo, a Marina reformulada, e não condicionado às dissonâncias e obras entretanto realizadas. As afirmações são da direcção da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo e foram expressas a propósito do projecto de construção de um Terminal de Cruzeiros, após um trabalho de recolha de opiniões dos seus associados.
Fonte: Blogue Maré Cheia
A Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH) reuniu em Assembleia Geral Extraordinária, no passado dia 18, com o objectivo de recolher a opinião dos seus associados acerca da eventual construção de um Terminal de Cruzeiros na Baía de Angra do Heroísmo. Um projecto que se encontra em fase de consulta pública, e, neste sentido, o encontro contou com a presença de José Mourim Oliveira, engenheiro e director de Projeto. Este considerou “indispensável referenciar os seguintes aspectos de enquadramento”: Trata-se de uma baía com elevado valor histórico, arquitectónico, arqueológico e paisagístico, que esteve na origem da classificação da Cidade de Angra do Heroísmo como Património Mundial da Unesco; a existência de um porto oceânico na Ilha Terceira, localizado na Praia da Vitória, contendo duas estruturas, uma o Porto Comercial da Praia da Vitória e outro, o Porto Comercial das FEUSAÇORES, ambos vocacionados para o transporte de carga, e servindo actualmente de apoio ao transporte marítimo de passageiros inter ilhas e navios de cruzeiros, não cumprindo as normas internacionais de segurança; o investimento público de construção do Terminal de Cruzeiros poderá ser financiado em 95%, a fundo perdido, pelo QRESA, não sendo significativo o esforço financeiro regional, na óptica do investimento; a Marina de Angra do Heroísmo está limitada no seu crescimento e não permite a captação de Iates de maior dimensão, por falta de profundidade e espaço, estando condicionada em termos de divulgação externa; o adiamento histórico da construção de um grande porto em Angra do Heroísmo, obrigou à realização de obras no Porto das Pipas destinadas ao parqueamento de contentores, ocupando uma parte importante interna da Baía e condicionando o seu crescimento. Posteriormente foi totalmente remodelado mantendo exactamente o mesmo conceito; e, por fim, o actual Cais do Porto das Pipas e a Marina representam constrangimentos importantes no desenho do projecto de excelência que a Baía de Angra merece.
ANÁLISE TÉCNICA
No que diz respeito à análise técnica, explica a direcção da CCAH, o novo projecto deve contemplar o melhoramento da Marina e a redução de terraplenos do Porto das Pipas, garantindo-se melhor qualidade global do projecto e possivelmente menor custo final de construção; a tendência recente de construção de navios com 350 metros de comprimento, colocaria, à partida, o terminal de Angra, limitado no mercado, dado que o projecto aponta para a recepção de navios até 300 metros.
Considera ainda não ser adequado a manutenção da actual infra-estrututra coberta, que significa uma dissonância e obriga à criação de mais terraplenos, diminuindo ainda mais a área de águas internas; além de que não foi considerado no projecto, o lançamento do cais aproveitando os enroscamentos existentes, que permitiriam lançar o novo molhe ligeiramente mais afastado relativamente ao proposto no projecto e ganhando-se área de manobra interna. Possibilitando ainda uma ligação no sentido da Baía das Águas e o necessário alongamento de mais 50 metros de cais, e não apresentando esta alteração um acréscimo do valor da obra, mas previsivelmente uma redução global do custo da obra, atendendo que grande parte do molhe seria executado em zona sólida e a baixas profundidades.
Já acerca dos aspectos arquitectónicos do projecto, entendem não pronunciar-se “por considerarmos que este deverá ser revisto, tendo em conta o enquadramento urbanístico, e tendo em vista um projecto integrado da Baía de Angra”.
“NÃO CONDICIONAR O PORTO DA PRAIA”
As conclusões do encontro promovido pela CCAH ditam que o projecto deve de ser “repensado e globalmente reformulado” de forma a garantir “igualmente condições de cais – comprimento e profundidade – para o mercado actual e futuro de cruzeiros”, e, não menos importante, “o investimento não deve condicionar os investimentos necessários e urgentes de transformar o Porto da Praia da Vitória numa efectiva unidade logística dos Açores”.
“NÃO CONDICIONAR O PORTO DA PRAIA”
As conclusões do encontro promovido pela CCAH ditam que o projecto deve de ser “repensado e globalmente reformulado” de forma a garantir “igualmente condições de cais – comprimento e profundidade – para o mercado actual e futuro de cruzeiros”, e, não menos importante, “o investimento não deve condicionar os investimentos necessários e urgentes de transformar o Porto da Praia da Vitória numa efectiva unidade logística dos Açores”.
Contudo, acrescentam, os responsáveis exaltam a vontade política de realizar investimentos estruturantes na Ilha Terceira e aproveitar os fundos comunitários em vigor para dotar a mesma de uma boa infra-estrutura portuária contendo o porto comercial da Praia da Vitória e o terminal de Cruzeiros no Porto de Angra do Heroísmo.
(RE)LIGAÇÃO AO MAR
O mesmo estudo de opinião lançado pela CCAH defende ainda que a cidade de Angra do Heroísmo deve ser preservada e qualificada com investimentos de excelência, que a tornem num lugar único para ser visitado, sendo para tal indispensável uma maior e melhor ligação ao mar, e que a realização do Terminal de Cruzeiros deve contemplar a reorganização da Baía de Angra, envolvendo o Porto das Pipas, a Marina, as encostas e as vias de circulação, e equacionar o seu interface à Baía das Águas.
Panorâmica actual do Porto Pipas - Angra do Heroísmo
Também defende que o transporte marítimo de passageiros inter ilhas deve regressar ao seu porto histórico, por razões naturais e também por razões económicas considerando as milhas de navegação.
No que concerne à dimensão do cais, rematam, o critério indica que o futuro Cais de Cruzeiros deverá ter sempre capacidade de receber navios até 350 metros.