"Na Horta, o cancelamento de três escalas de navios de cruzeiros, em menos de um mês, está a gerar uma onda de protestos.
Comerciantes e taxistas queixam-se do novo cais de passageiros, por não ter dimensão para receber os grandes barcos.
A 'Portos dos Açores' escusa-se a dar explicações aos jornalistas.
Os taxistas são uma das classes mais penalizadas com estes cancelamentos, a par do comércio e dos agentes de viagens, que só esta semana se limitaram a ver os navios passar.
Os três navios cancelaram a operação na Horta devido a avarias no motor e às condições climatéricas, mas curiosamente puderam atracar todos em Ponta Delgada." - ouvir reportagem aqui
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Fonte: Tribuna das Ilhas (2013/03/15)
Artigo de Opinião de Engº Ângelo Andrade (Ex. Director da Junta Autónoma)
Terminal Marítimo da Horta versus Cais de Cruzeiros
"(...) vejamos o caso do novo molhe acostável enraizado junto á praia da Conceição cuja operacionalidade é bastante condicionada.
O molhe deveria, na minha opinião, abrir mais a leste visto que teria maior profundidade (poderia eventualmente atingir cotas da ordem dos -12m, em oposição actuais -8m) e maior comprimento de cais acostável. O paralelismo com a avenida 25 de Abril, não tem qualquer interesse prático. Neste tipo de obras deve prevalecer a operacionalidade sobre outros aspectos de índole arquitectónica.
Por outro lado o “enxerto” de uma rampa RO/RO (roll-on / roll-off) reduziu ainda mais o comprimento de cais acostável.
Estes constrangimentos não permitem a operação de navios de cruzeiro, de maior porte. Exemplo: o último navio de cruzeiro que demandou o nosso Porto,
Nome: MARCO POLO (IMO 6417097)
Dimensões: 176 m de comprimento; 24 m de Boca; 8,1 m de calado.
Fundeou ao largo! (nota do blogue: o navio atracou no porto comercial, como é visível na foto acima)
Os sucessivos parecer emitidos pelos técnicos ligados ás obras de engenharia hidráulica, á exploração e gestão portuária sempre foram ignorados por quem tinha poderes de decisão na matéria.
Entretanto desenvolveram-se obras em terra cuja responsabilidade foi atribuída á Administração Portuária, na minha perspectiva, indevidamente visto que estão implantadas em áreas que não estão sob jurisdição portuária. Estas absorveram verbas importantes que deveriam ter sido canalizadas para a obra marítima, e assim teríamos um bom cais.
A obra passou de “Cais de Cruzeiros” a “Terminal Marítimo”, e já há por aí “especialistas em transportes” a defender que os ferries transportem cargas paletizadas e a sugerir, para conseguir tais objectivos, alterações na nova gare marítima.
Ora isto é simplesmente absurdo, visto que em vez de ordenar o porto criando, terminais especializados voltaríamos à situação de mistura de cargas e passageiros, exactamente o contrário dos pressupostos contidos na fundamentação e justificação do projecto.
Em conclusão: As alterações impostas ao projecto inviabilizaram um cais de cruzeiros na verdadeira acepção da palavra. Porém criou-se um terminal especializado para passageiros A introdução de operações de carga neste terminal significa mais um retrocesso no planeamento do porto e da operação portuária. Devemos pois exigir o transporte de mercadorias também em carga contentorizada, sendo todas movimentadas somente no porto comercial, e com o mínimo de baldeações intermédias e manuseamentos adicionais."
Delphin - O Primeiro Navio de Cruzeiros no Novo Cais Norte da Horta (2012/09/29)
1ª Fase de Requalificação do Porto da Horta (Junho 2010)
2 comentários:
Caro Bruno
A pergunta que se impõe é saber agora o que se poderá fazer com essa infraestrutura de 51 milhões de euros, que falhou parcialmente com as expectativas dos Faialenses e dos Açorianos.
Tal como já tínhamos afirmado, julgo que se deverá preparar esse equipamento para receber e alojar Mega-Iates, que na minha opinião poderão gerar mais ou tanta riqueza para a Horta como os Paquetes.
Tornar o porto da Horta um destino de mega-iates está na sua natureza e na sua tradição.
No entanto será algo que obrigará a gastar mais uns milhões de euros.
É pena que pessoas com tanta responsabilidade não tenham uma visão estratégica de fundo, que ultrapasse a meta da próxima eleição, e que os poucos recursos que temos não sirvam para alavancar a nossa debilitada economia.
Abraço
Rui Carvalho
Boa tarde.
Sem querer entrar em conflito com nenhum dos opinantes do blog gostava apenas de dizer que :
Para que querem cá navios de 2000 passageiros acostados quando a ilha nem condições a nivel de autocarros e restaurantes tem para 500 passageiros ? Ir para alguns restaurantes da cidade comer peixe frito por 14 euros ou polvo guisado por 16 euros é Obra sim senhor .
Ou então aqui na Horta chegarem a um restaurante às 14:30 para almoçar ou às 21:00 para jantar e levarem de resposta , só se for sandes porque a cozinha já fechou .
Como querem fazer dinheiro se uma grande parte de navios mais pequenos que nos últimos anos atracou aqui , muita vez no fim de semana , nã tinha onde comprar nada pois o pessoal do comercio pura e simplesmente fechou as portas e foi de vacations de fim de semana.
Muita gente no navio também não sai de lá em todas as escalas pois são turistas séniores e que também precisam do seu descanso.
Que dinheiro queriam fazer os taxistas com o nevoeiro que se fechou por cima da cidade , dos seus miradouros e mesmo na Caldeira e Vulcão? Só se fosse para o turista ter uma nova vivencia e experimentar in loco " fly in the fog "
Se forem ver nas próximas escalas de navios para os próximos anos , muitos deles continuarão a ser navios de grande porte que continuarão
ammarrados pela queixada a meio do canal e as coisas vão ser como foram até aqui .
Com excepção de Ponta Delgada nenhuma cidade ou porto tem condições para receber navios acima dos 150 metros e acima dos 500 pax com alguma dignidade .
Por isso contentem-se com o que temos e nao barafustem . é o que há e pronto . Se não há mais é porque nao há e da forma que anda o pais nao vai ser nos proximos 50 anos que isto mudará.
Bom fim de semana
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