Jornalista Rui Jorge Cabral
O navio de cruzeiros ‘Bremen’ foi a escala número 100 este ano nos Açores, um recorde que já traz retorno para a Região.
Os navios de cruzeiro, que ontem fizeram a centésima escala nos Açores este ano (em todo o ano de 2011 houve apenas 94 escalas) deixam neste momento na Região uma receita contabilizável de cerca de 6 milhões de euros por ano.
A Portos dos Açores estima para este ano um total de 125 escalas, ultrapassando a fasquia dos 100 mil passageiros.
Esse valor de referência de 6 milhões de euros contabiliza apenas as receitas da utilização dos terminais de cruzeiros e portos dos Açores, dos fornecimentos dos navios no mercado local e ainda das várias excursões que são disponibilizadas aos passageiros que desembarcam na Região.
Um valor que o administrador da Portos dos Açores, Filipe Macedo, admite em entrevista ao Açoriano Oriental ter sido calculado de forma “previdente”.
Como previdente também é a reação de Filipe Macedo face ao impacto financeiro indireto que os mesmos navios de cruzeiros têm no comércio e serviços locais.
“Existe a noção de que o impacto dos cruzeiros não é muito elevado no comércio local, mas para mim é de realçar a cadeia de serviços que estão afetos a esta atividade e que gera um efeito multiplicador”, afirma Filipe Macedo.
No próximo ano e apesar da crise que afeta a Europa e os EUA, a Portos dos Açores espera manter o número de escalas e passageiros deste ano e, se possível, até aumentá-lo. Isto porque o mercado dos cruzeiros continua a dar sinais positivos a nível mundial, embora se espere que alguma ‘crise’ também chegue a este segmento, uma vez que diminuíram as encomendas de novos navios, indiciando um abrandamento dos cruzeiros dentro de alguns anos.
Mas para já, “temos boas perspetivas para 2013, sobretudo porque estamos a observar o surgimento de itinerários que já contemplam os Açores como destino e não apenas como um lugar onde se tem de parar para dar algum descanso a passageiros e tripulação”, revela o administrador da Portos dos Açores, que justifica essa tendência para novos destinos com a saturação que já se verifica nos circuitos mediterrânicos e do Norte da Europa.
Os Açores esperam, por isso, começar a contrariar a sazonalidade dos períodos de reposicionamento da primavera e do outono, que ainda concentram a maioria das escalas de cruzeiros.
“3 a 5 euros parece pouco mas a multiplicar por muitos é bastante”
Para o presidente da Associação de Empresários das Portas do Mar, Vicente Quiroga, o aumento de escalas de cruzeiros é importante para a afirmação dos Açores como destino turístico no seu todo e não apenas neste segmento.
“Os operadores de cruzeiros são empresas que estão em todo o mundo e quando escolhem um destino é porque encontram nele características próprias”, afirma Vicente Quiroga sobre o potencial dos cruzeiros nos Açores. Para este empresário de origem espanhola - um país onde o turismo de cruzeiros está muito desenvolvido - é importante os Açores apostarem neste segmento de turistas.
Vicente Quiroga reconhece, contudo, que o impacto na atividade económica local não é o que todos gostariam que fosse, embora afirme que não é de todo de desprezar. “Num paquete que venha com dois mil turistas, se calhar só 50 a 60 por cento deles vai a terra, mas não nos esqueçamos que há também a tripulação, que são bons consumidores”, revela o presidente da Associação de Empresários das Portas do Mar, que estima entre 3 a 5 euros a quantia média que cada turista de cruzeiros deixa no comércio local. “Parece pouco, mas a multiplicar por muitos já dá quantias importantes”, afirma.
Vicente Quiroga salienta também o potencial de regresso dos turistas que aqui vêm de passagem nos navios de cruzeiros, mas que ficam bem impressionais ao ponto de quererem voltar mais tarde sozinhos.
3 comentários:
Caro Bruno
Por esse valor levaremos 10 anos a recuperar as Portas do Mar, sem juros e sem manutenção ou custos de estrutura, tais como remunerações entre outros.
Abraço
Rui Carvalho
Eu vejo turistas de cruzeiro em Ponta Delgada com sacos na mão cujo valor do conteúdo ultrapassa claramente os 5 euros. Não sei de onde apareceu este valor dos 3 a 5 euros, mas duvido que tenha sido algum estudo da Associação Portas do Mar. 3 a 5 euros nos estabelecimentos das Portas do Mar? Ai talvez sim. Na medida em que a esmagadora maioria são bares e restaurantes, apenas as bebidas alcoólicas (cerveja, por exemplo, muito requisitada quer pelos turistas quer pelos tripulantes) levarão os passageiros a consumir nas Portas do Mar, uma vez que têm o seu "hotel", o seu "restaurante" ali mesmo.
Há alguns anos (2003/2004 salvo erro) houve um estudo concreto sobre o que os turistas de cruzeiro gastavam por cá, apontando este para uma média de 25 euros. Mas isto foi há quase 10 anos.
É um facto que por esses valores vai levar algum tempo a pagar o investimento, mas são postos de trabalho que se criam/mantêm, negócios/lucros que se geram.
Abraço,
É um facto que ainda vamos levar algum tempo até termos o retorno integral do investimento efectuado nas Portas do Mar, no entanto torna-se imperioso efectuar um estudo aprofundado das reais carências do comércio tradicional do centro de Ponta Delgada para que possamos adoptar um plano estratégico e a médio prazo termos gastos não de 3-5 euros mas sim de 25 ou 30.
Ora vejamos, desde ja nao nos podemos esquecer que estamos a falar de grandes cruzeiros com milhares de turistas muitos deles endinheirados provenientes de paises como Inglaterra, Estados Unidos ou Alemanha que não se importam de gastar dinheiro nestas bandas, mas desde que o comercio seja atractivo.
Em relação a esse ponto, estamos longe de o ser, porque temos lojas fechadas, muitas delas sem vida, com vitrines que não são de todo apelativas ao consumidor, cafes escuros, à execepção de UM caso pontual ou outro, falta-nos, de facto, mais comercio bom e diferenciado e a partir dai os turistas de cruzeiros deixarao de so levar sacos do sol mar, mas sim de lojas de roupa, sapatarias, de sacos com produtos de pastelaria nas muitas boas pastelarias que temos que começar a ter nessa cidade, que apesar de ser uma das mais belas do país, é ainda das que mais está por explorar
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