sexta-feira, 21 de maio de 2010

Memórias: Holland America Line (Parte 1/2)

Texto: André Moura (ACC)



Com o intuito de darmos a conhecer cada vez mais e melhor aos nossos associados e visitantes deste blog informações acerca deste “universo” tão vasto como é o turismo de cruzeiros, retomamos hoje a abordagem retrospectiva das companhias de cruzeiro que marcam posição no panorama actual do mercado do género.

Procuramos, com este propósito, proporcionar uma perspectiva global acerca desta crescente indústria, possibilitando assim, a todos os que nos consultam, uma realidade que vai muito além dos navios que por cá acostam, pois se é efectivamente importante dar a conhecer os aspectos mais relevantes de um determinado navio de cruzeiros, não é menos verdade que conhecer a história da companhia e características gerais da mesma seja algo que se possa descurar, pois é precisamente essa tendência que marca claramente o estilo de vida a bordo, o serviço, a decoração, etc.

Depois de já à algum tempo termos analisado a britânica P&O, cabe-nos hoje, a propósito da visita do Prinsendam no passado dia 7 de Maio e outra vez no próximo dia 25, com passagem a 24 pela Horta, fazer uma breve análise à já secular companhia holandesa Holland America Line, que foi fundada a 18 de Abril do já longínquo ano de 1873.
Então, com a designação de Nederlandsch Amerikaansche Stoomvaart Maatschappij (Companhia Holandesa de Navios a Vapor), tinha por objectivo realizar o transporte de passageiros entre Roterdão e Nova Iorque, fazendo para tal a mítica travessia do Oceano Atlântico. Nesta altura, coube ao navio a vapor Rotterdam (foto abaixo), de construção escocesa, o relevo de ter sido o primeiro de uma imensa frota.

A companhia estabeleceu-se e ganhou projecção no transporte principalmente de passageiros mas também de mercadorias, mesmo tendo a forte concorrência principalmente das companhias britânicas da época. As rotas foram-se expandindo para outras cidades como Baltimore e também, mais tarde para a América do Sul.

É curioso  salientar que, em 1896, a companhia foi oficialmente estabelecida, altura em que os seus responsáveis decidiram adoptar uma nova designação De Holland Amerika Lijn N.V. (Holland America Line) – doravante HAL, designação essa baseada no nome pelo qual era vulgarmente conhecida. Dois anos mais tarde, decidiram os administradores holandeses acrescentar um ícone de referência identificativo dos seus navios, ou seja, as chaminés dos navios seriam pintadas de amarelo, verde e branco, cores essas que permaneceriam e identificariam a HAL durante mais de 70 anos.

Durante a I Guerra Mundial, a HAL continuou a proceder às suas operações de transporte regulares, uma vez que a Holanda manteve-se neutral durante aquele conflito. Não obstante, a companhia com sede então em Roterdão, sofreu algumas importantes perdas na sua frota, facto que se deveu a ataques dos submarinos alemães, a minas ou raides aéreos. Com o fim da guerra, e nos finais dos anos 20 com a Grande Depressão, a HAL sofreu os reveses inerentes a uma época de evidente crise, contudo não foi das transportadoras mais afectadas. Sinal desta situação foi a encomenda de um novo navio que correspondesse às necessidades da linha Europa-América, uma vez que o Statedam não garantia sozinho este serviço.


Datado de 1938, o novo transatlântico foi nem mais nem menos que o fabuloso Nieuw Amsterdam (foto acima), considerado por muitos entendidos da actualidade como um dos mais belos e elegantes navios de passageiros construídos até ao nossos dias, navio este que por si só merecerá uma atenção individual num artigo futuro.

Com o início da da II Guerra Mundial, os escritórios da HAL foram mudados de Roterdão para Willemstad, em Curaçao, nas Antilhas Holandesas.


 Foram tempos muito difíceis para todos e a Holanda não escapou ao domínio nazi. Após o terminus da guerra e o normalizar das operações para o Novo Mundo, a HAL adquiriu dois novos navios, em 1951 o Ryndam (na foto) e no ano seguinte o Maasdam, ambos para o serviço no norte do Atlântico.

Nesta época, começam a ser equacionadas as viagens de carácter turístico e não apenas de transporte de passageiros, aliás o Nieuw Amsterdam tinha dado provas que podia ser uma vertente a explorar, só que nem todos os navios da companhia tinham as características e o glamour do navio almirante da HAL. 


 Foi então, com o propósito de enveredar para o embrionário mercado de cuzeiros, que a HAL encomendou, em 1956, um novo Statendam (note que a HAL atribui quase sempre o mesmo nome aos seus navios de passageiros/cruzeiros, por ex. existiram 5 navios diferentes todos com a designação Statendam).


Em 1959, a HAL lançou o novo Rotterdam, um dos seus mais arrojados projectos navais, nem mais nem menos que o emblemático navio desta companhia, não só pelos elevados padrões de qualidade e serviço abordo, mas principalmente pelas suas peculiares chaminés. Curiosamente, este navio foi recentemente remodelado e voltou à cidade homónima, onde funciona como hotel e restaurante, criando assim uma oportunidade para todos aqueles entusiastas tomarem contacto com um navio de referência na história marítima do século passado.

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