quinta-feira, 3 de junho de 2010

Memórias: Celebrity Cruises (Parte 2/2)

Texto: André Moura (ACC)


Este ano de 1997 marca também o fim do domínio da família grega no grupo Chandris, quando este foi adquirido pela Royal Caribbean Cruises Limited. Acrescente-se ainda, que também a Carnival Corporation fez uma proposta tendente à aquisição da Celebrity mas foi a Royal Caribbean quem acabou por concretizar a transacção. Doravante, os destinos desta companhia já não passavam pela gerência grega mas a sua presença continuou e continua bem vincada, quer na letra X que está presente em todas as chaminés dos navios da Celebrity (que corresponde no alfabeto grego ao C, C de Chandris) quer na contratação de oficiais gregos para os comandos dos vários navios da sua frota.

Com a última aquisição da classe Century, neste caso o Mercury, a Celebrity decidiu vender o seu primeiro navio, o célebre Meridian, à Sun Cruises, companhia de Singapura que lhe atribuiu o nome de Sun Vista. O ex Galileo Galilei acabou por operar pouco tempo no Oriente, pois a 20 de Maio de 1999, um incêndio deflagrou na casa das máquinas acabando o navio por se virar e afundar no estreito de Malaca.

O ano 2000 marcava o início de uma nova fase para a construção de navios para a Celebrity, precisamente com a entrega do primeiro navio de uma nova classe. Apropriadamente chamada de classe Millennium, visto ter sido entregue no dealbar do novo milénio, o primeiro navio não podia ter outro nome senão Millennium, embarcação diferente dos seus antecessores, não só pelo tamanho, pintura ou interiores mas principalmente pelo seu peculiar sistema propulsor. De facto, as turbinas a gás foram, de certa forma, controversas e causaram preocupação nos primeiros testes de mar realizados pelo Millennium. Este navio teve vários problemas entre Julho de 2000 e Abril de 2001, o que o obrigou a ser sujeito a várias alterações pelos engenheiros dos estaleiros franceses de Chantiers de l’Atlantique.


Estes problemas, relacionados com o sistema eléctrico que comanda a propulsão por pods, acabaram também por afectar todos os restantes navios desta classe. Quer o Infinity, quer o Summit ou o Constellation tiveram inúmeros cancelamentos por avarias ao nível dos pods. O sistema de turbinas a gás instalado na classe Millennium foi uma autêntica dor de cabeça para os responsáveis da Celebrity, originando contestação junto dos estaleiros franceses de Saint Nazaire.

Em 2004, a companhia comprou um pequeno navio para expedições às ilhas Galápagos, alargando, desta forma, o âmbito dos seus cruzeiros. O Xpedition (foto abaixo), antigo Sun Bay I, foi alocado a uma subsidiária recém-criada para o efeito da Celebrity, neste caso à Celebrity Xpedition Cruises e, inclusive, o navio foi registado no Equador para que assim tivesse autorização para navegar naquela zona protegida do planeta.


No ano de 2005, nova expansão da companhia, desta feita numa parceria com a Quark Expeditions para realização de cruzeiros partindo do Canadá com destino ao Árctico, servindo-se, para o efeito, do navio quebra-gelo Kapitan Khlebnikov.

O ano de 2007 parecia destinado para que esta empresa alargasse a sua subsidiária Celebrity Xpeditions, com dois novos navios transferidos da Pullmantur. Nesta sequência, vieram o Blue Moon e Blue Dream, ambos da célebre classe R (Renaissance). Contudo, a Royal Caribbean colocou-os, não no segmento de expedições inóspitas, mas sim a realizar cruzeiros destinados a um público que pretende um tipo de serviço entre o Premium e o Deluxe, criando, para o efeito, uma nova subsidiária, a Azamara Cruises. Em 2008, os navios da Celebrity Cruises adoptaram a moda de colocar o nome da companhia antes do nome original.


Neste mesmo ano, é lançado um novo navio para a Celebrity Cruises, o primeiro a ultrapassar a barreira dos 300 metros e a das 100.000 toneladas. O Celebrity Solstice (na foto acima) inaugurou uma nova classe, precisamente a classe Solstice, de navios de grandes dimensões e, preferencialmente, sem os problemas que a classe anterior apresentou. Talvez por este último facto, não terá sido por acaso que a Celebrity voltou a trabalhar com os estaleiros alemães de Meyer Werft, em Papenburg, encomendando nada mais nada menos que cinco projectos, três dos quais já concluídos.


Para além do já mencionado Solstice, estão já a navegar os gémeos Equinox (na foto) e Eclipse, estando programada, para o próximo ano, a entrega do Celebrity Silhouette e, em 2012, de um quinto navio ainda com nome por atribuir. 

Actualmente, os navios Horizon (actual Pacific Dream), Zenith e Galaxy já não fazem parte da Celebrity Cruises, prevendo-se que, no próximo ano, o Celebrity Mercury siga a rota do Galaxy ao integrar a TUI Cruises, assumindo aí a designação de Mein Schiff 2.

A Chandris foi uma companhia famosa entre as décadas de 60 e 80, mas não deixava de ser uma empresa de segundo plano. A sua integração no grande consórcio que é a Royal Caribbean International, conjugada com a aquisição de novos navios, mais modernos e apelativos, valeu-lhe um enorme salto qualitativo, mostrando que os gregos souberam aproveitar as oportunidades certas e os timings próprios para crescer num mercado cada vez mais competitivo e exigente.


Referências

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