quarta-feira, 2 de junho de 2010

Memórias: Celebrity Cruises (Parte 1/2)

Texto: André Moura (ACC)




Foi no ano de 1988 que foi criada a Celebrity Cruises, resultado de uma restruturação operada no seio da famosa companhia grega de cruzeiros Chandris, que criava assim um subsidiária direccionada para um mercado de elevados padrões de qualidade, algo que a Chandris não fazia, pois o segmento a que se destinava era claramente de baixo custo.

A Chandris era uma companhia famosa no ramo de transporte de passageiros e de cruzeiros, possuía imensos navios, alguns de nomeada que até ficaram na história marítima do século XX, como foram os casos do Australis, Amerikanis ou do Regina Magna (foto abaixo). Todos, sem excepção, eram comprados em segunda mão, reconstruídos ou adaptados, não obstante, eram muito conhecidos e apreciados e o armador grego acabou por se impor claramente no segmento médio/baixo de passageiros e cruzeiros entre as décadas de 60 e 80.


Curiosamente, só com a fundação da Celebrity é que o grupo Chandris efectuou a primeira encomenda a um estaleiro de um navio novo para cruzeiros, algo que até então nunca tinha sido concretizado. Ora tal situação ficou-se a dever ao interesse em assegurar um contrato vantajoso para as ligações entre Nova Iorque e a Bermuda, uma vez que a companhia de luxo Home Lines, tinha sido comprada pela Holland America Line, que a retirou daquele serviço, deixando em aberto duas vagas atribuídas pelo governo local. A Chandris Fantasy Cruises, ou seja a parte americana da empresa Chandris, não tinha estatuto para ganhar essa concessão mas com a nova subsidiária e navios novos tudo seria diferente.

Neste sentido, o armador grego, que ganhou o referido contrato, apostou claramente no segmento de luxo, mudando assim radicalmente os propósitos iniciais que norteavam a Chandris, optando, gradualmente, por renovar a frota com navios novos e abdicar dos restantes, já muitos deles com evidentes sinais de desgaste.


Enquanto o navio Horizon era construído nos estaleiros alemães Meyer Werft, em Papenburg, a Celebrity socorreu-se do navio Galileo, então ao serviço da Chandris Fantasy Cruises, para cumprir o contrato que tinha recentemente conseguido. Este Galileo foi um famoso transatlântico italiano da companhia Lloyd Triestino, na altura designado Galileo Galilei, de linhas elegantes e harmoniosas, respeitando a tradição italiana em relação a navios de passageiros.


Neste contexto, o navio foi alvo de uma profundíssima remodelação, para corresponder aos novos desígnios desta companhia. Tornou-se, assim, o primeiro navio da Celebrity Cruises e com o nome de Meridian. Em 1990, o Horizon fez a sua viagem inaugural e foi colocado no serviço entre os Estados Unidos e a Bermuda, onde rapidamente se tornou um navio muito apreciado e popular.


Esta situação levou os responsáveis da Chandris a apostarem claramente no modelo traçado para a Celebrity Cruises, por via desse facto foi encomendado um navio idêntico ao Horizon, concluído em 1992, com o nome Zenith (na foto). Este último era destinado a rotas nas Caraíbas, o que levou a um crescimento importante nas operações desta nova companhia.

Nesse mesmo ano, a Chandris realizou uma “joint venture” com uma grande empresa americana, a Overseas Shipholding Group Inc., o que permitiu a injecção de capital na ordem dos 220 milhões de dólares. Estavam assim abertas as portas para que, a agora designada Celebrity Cruise Line Inc., apostasse num crescimento da sua frota bem como das áreas operadas. Não foi surpresa, que no ano seguinte o presidente do grupo Chandris, John Chandris anunciasse a encomenda de três novos navios, todos eles a serem construídos nos estaleiros alemães de Papenburgo.

O resultado desse anúncio materializou-se em 1995, quando foi lançado o Century (foto abaixo), navio de consideráveis dimensões com 246 m e suportando 72.000 toneladas. Nos anos seguintes, foram lançados os ainda maiores GalaxyMercury, respectivamente em 1996 e 1997.



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