Fonte integral: O Roteiro
"13 de Novembro de 1871.
O mar mostrava a sua fúria ao largo de toda a ilha de Santa Maria.
Vindo de Havana, o vapor espanhol “Canárias” (ex “Constituiçón”) e os seus 19 passageiros e 98 tripulantes, com destino a Cádis, passavam perto da ilha com enormes dificuldades.
Numa luta que parecia não ter fim, o vapor cedia para o mar e chegava-se cada vez mais perto da costa, na baia da praia formosa.
Vindo de Havana, o vapor espanhol “Canárias” (ex “Constituiçón”) e os seus 19 passageiros e 98 tripulantes, com destino a Cádis, passavam perto da ilha com enormes dificuldades.
Numa luta que parecia não ter fim, o vapor cedia para o mar e chegava-se cada vez mais perto da costa, na baia da praia formosa.
Segundo uma revista da altura, “O Fayalense”, o vapor “Encalhou (…), por causa de muita agua que fazia. Poucos dias depois rebentou-lhe fogo a bordo”, ao que se pensa “lançado pelo proprio capitão”.
Estes factos seriam depois publicados pelo Jornal de Noticias. Segundo este, quando o vapor espanhol de 1:436 toneladas pertencente á Compañía Trasatlántica Española encalhou, o comandante apenas ordenou que fossem retirados do barco alguns mantimentos, bagagem e pratas.
Estes factos seriam depois publicados pelo Jornal de Noticias. Segundo este, quando o vapor espanhol de 1:436 toneladas pertencente á Compañía Trasatlántica Española encalhou, o comandante apenas ordenou que fossem retirados do barco alguns mantimentos, bagagem e pratas.
Sem que ninguém saiba o porque, “apenas” voltou seis dias depois “foi o capitão a bordo e ordenou a 3 homens da sua tripulação que apromptassem no porão coisas para irem para terra, dirigiu-se à camara, e quando de la saiu para desembarcar deixou ficar os ditos homens empregados no mesmo serviço.”
Por volta das sete horas da noite, “os homens notaram que da camara saia muito fumo”, e ao verificarem a camarata, notaram que esta estava “em chammas”. Foi aí que se aperceberam do terrível que estava para acontecer, pois “a bordo havia grande porção de pólvora”. Confiando no seu capitão, “tocaram a rebate nos sinos” mas “O capitão, em terra não fez caso disso.”
Por essa hora, o escuro já cobria o céu, mas os marinheiros não tinham outra opção senão usar a lancha que havia a bordo. Aí o capitão “mandou colocar um pharol na rocha, para cuja luz os marinheiros se dirigiram. Era exactamente no ponto mais perigoso; e como o mar estava embravecido, a lancha revirou, e apenas se salvaram, por milagre dois homens.”
Três horas depois ouviu-se uma grande detonação por toda a ilha; “era a explosão do paiol do vapor”, produzindo “uma especie de aurora boreal, com fogos de cores, porque as bebidas alcoolicas o produziam nos ares.”
“Foi opinião geral que o incendio foi ateado pelo capitão”, com agravante de querer fazer dele 3 vítimas, para “não ficarem testemunhas do seu attentado!”
"O fim de tudo isto ninguem o sabe;”, mas a verdade é que o capitão recusou todas as ajudas vindas das autoridades, tendo alegado que o vapor pertencia a uma companhia da qual ele era um dos seus maiores accionistas e seu representante.
“Muitos objectos deixou de proposito perder, pois tivera tempo em 6 dias de salvar tudo. (…) O vapor era transporte de tropas, e na sua ultima viagem levou mais de mil praças para Cuba."
Este vapor fazia ligações entre Espanha e Cuba pois decorria nessa altura a guerra dos 10 anos (La Guerra de los Diez Años / La Guerra Grande (1868-1878)).
2008
Nos dias de hoje, o "Canárias", também chamado de "o barco afundado" pelos locais,encontra-se na alma de todos os marienses como"o barco afundado". Perfeitamente visível dentro e fora de água, permanece ainda no fundo grande parte do esqueleto daquele grande vapor de ferro.
Para o observar, uns simples óculos e barbatanas servem, embora um mergulho de garrafa seja sempre solução para aqueles que gostam de ver todos os detalhes."
2 comentários:
Li com muito interesse o Vosso relato do encalhe e explosão do vapor "Canárias".Tem mais alguns detalhes, projecta publicar um relato mais detalhado ou poderá indicar as fontes para eu as consultar?
Obrigado
Gustavo Moura
gumoazores@sapo.pt
Caro Gustavo, boa noite.
Este relato é, como indicado logo no início, uma transcrição integral a partir de outro blogue. O endereço é o que se segue, estando no final do artigo mencionadas as fontes (que são poucas).
http://o-roteiro.blogspot.com/2008/05/o-naufrgio-do-vapor-canrias.html
Cumprimentos,
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