sábado, 21 de julho de 2012

António Silva em Entrevista à Revista Comvida

Na última edição da Revista Comvida (de que demos conta aqui) o Presidente do Azores Cruise Club, António Silva, foi alvo de uma entrevista que agora publicamos.




Com pouco mais de 1 ano de existência (oficialmente), pode-se nesta altura afirmar que o Azores Cruise Club é indissociável do Turismo de Cruzeiros nos Açores?
Sim. Este é um facto consumado. Não tenho qualquer dúvida que o nascimento do ACC veio trazer uma lufada de ar fresco nesta temática, pois com o dinamismo imposto pelo próprio clube na divulgação do destino Açores temos feito um trabalho bastante meritório nesta área. 

Quantos sócios tem neste momento o Azores Cruise Club e quais as principais atividades que desenvolve?
O ACC tem neste momento perto de 200 sócios, o que para um clube desta natureza é muito bom. As atividades do clube dividem-se em 2 partes.
A primeira é toda a divulgação que é feita das escalas dos diversos navios de cruzeiros nos portos dos Açores, quer noticiando essas mesmas escalas nas nossas páginas da internet quer colocando as fotos das mesmas em alguns sites e mesmo revistas a nível mundial.
A segunda tem sido conseguir levar um número muito interessante de sócios a visitarem alguns navios de cruzeiros que escalam Ponta Delgada, despertando assim o entusiasmo por este tipo de viagens, e nisso temos tido sucesso porque é cada vez maior o número de entusiastas pelos cruzeiros e por este tipo de atividade.

Que novas atividades preveem implementar/organizar a médio-longo prazo?
No contexto atual, é difícil podermos implementar ou organizar novas atividades para além daquelas que já desenvolvemos. Preferimos fortificar e melhorar todo o trabalho que temos vindo a fazer, sempre com o intuito de chamar cada vez mais pessoas á nossa causa e por outro lado continuar a contribuir para que os Açores sejam cada vez mais conhecidos como destino de cruzeiros.

Que medidas, dentro da atividade que Azores Cruise Club desenvolve, têm sido feitas para potenciar o Turismo de Cruzeiros dos Açores?
Como já atrás referi, um dos nossos trabalhos é documentarmos por imagem todas as escalas que acontecem nos Açores e divulgar essas mesmas imagens em alguns sites sobre navios e nas páginas on-line de algumas revistas da especialidade, como é o caso da Cruise Industry News. 

O Azores Cruise Club tem merecido aceitação por parte das autoridades, agentes locais e companhias de cruzeiros? Que tipo de colaboração tem sido feita entre as diversas partes?
Devo confessar que desde a primeira hora temos tido as portas abertas por parte das autoridades locais que contactamos, nomeadamente dos Portos dos Açores, que nos tem facilitado a nossa entrada nos espaços reservados, quer do porto de Ponta Delgada, quer do terminal das Portas do Mar, quer por parte da própria Secretário Regional da Economia que nos apoiou na realização do nosso 2º Salão de Turismo de Cruzeiros.
Igualmente algumas das agências de viagens locais e mesmo nacionais têm marcado presença aquando a realização das exposições que realizamos, patrocinando inclusive o sorteio de viagens de cruzeiros.
Outra colaboração que considero muito importante, tem sido aquela que nos têm sido dado por quase todos os agentes de navegação locais, que nos têm proporcionado que possamos levar alguns sócios do clube a efetuarem visitas a navios de cruzeiros.

 
Na sua óptica, que iniciativas poderiam as autoridades locais promover, de modo a dinamizar as escalas de navios de cruzeiro na região de modo a manter/aumentar o fluxo deste tipo de turismo?
Um dos principais obstáculos que os Açores têm é indiscutivelmente a sua posição geográfica no meio do Atlântico. Cada vez mais as companhias preocupam-se com a poupança de combustível, o que coloca os Açores numa posição mais desfavorável do que outros portos, principalmente o Funchal e as Canárias.
Os Portos dos Açores têm feito um trabalho meritório no sentido de cativar cada vez mais as companhias de cruzeiros a escalarem os Açores e tenho a certeza que aos poucos vamos conseguir aumentar o fluxo de navios de cruzeiro nos Açores, principalmente que agora os Açores vão dispor de uma nova infraestrutura, que é neste caso o novo cais de cruzeiros da cidade da Horta.

Concorda que as Portas do Mar enquanto Terminal de Cruzeiros veio dar um novo impulso a este tipo de turismo na região, em especial na chamada Época Baixa? Que desafios se colocam a esta infraestrutura?
É um facto de que com o nascimento das Portas do Mar, o turismo de cruzeiros sofreu um grande incremento, derivado principalmente ao facto de que as condições oferecidas são agora muito melhores, pelo facto de que os passageiros desembarcam já na própria cidade, o que não deixa de ser aliciante.

Ponta Delgada recebe neste momento cerca de 60 escalas anuais de navios de cruzeiros. Até onde pode crescer esse número nos próximos anos?
Com o trabalho que tem vindo a ser realizado pelos Portos dos Açores junto dos principais operadores de cruzeiros, dando a conhecer as nossas estruturas portuárias e as nossas belezas, penso que poderemos chegar às 100 escalas nos próximos anos, aliado ao facto de algum clima de saturação que já começa a aparecer no Mediterrâneo.
Se a este fator se juntar medidas que possam atrair as empresas de cruzeiros, penso que aquele número poderá ser atingido. 

Muito se tem falado da possibilidade de integração dos Açores em itinerários fora dos períodos de reposicionamento. O que falta para que se concretize tal desígnio, numa altura de contenção económica por parte das companhias de cruzeiros?
Cativar as companhias a realizarem cruzeiros pelos Açores fora das datas de reposicionamento não será fácil, visto que principalmente no Verão os operadores procuram oferecer itinerários que não são possíveis de fazer noutras alturas do ano. Agora se oferecermos condições económicas aos operadores, tais como a diminuição de taxas, melhores preços em combustíveis, poderemos começar a vencer esta batalha. Aliás já este ano e em 2013 um dos principais operadores de cruzeiros irá escalar Ponta Delgada em dois cruzeiros com saída de Inglaterra e tenho a certeza que outras companhias o irão fazer, pois a concorrência é cada vez maior entre as mesmas e nota-se que quando uma começa a fazer determinado itinerário outras aparecem a fazer o mesmo.

O novo Cais Norte do Porto da Horta poderá para contribuir para o incremento desse tipo de itinerários? Na sua opinião que outras infraestruturas seriam necessárias nos Açores para atrair mais navios?
Com o nascimento do novo cais de cruzeiros da Horta os Açores já terão dois portos para escalas de navios de cruzeiros, o que é sem dúvida mais aliciante para as próprias companhias, que assim já poderão organizar escalas com 2 toques nos Açores.
Penso que se a estes dois portos adicionarmos alguns melhoramentos no porto da Praia da Vitória, ficaremos com infraestruturas suficientes para atrair mais escalas nos Açores. 

 
O Turista de Cruzeiro que sai nos Portos dos Açores, o que procura nas nossas ilhas?
Penso que procura a novidade, a descoberta das nossas belezas que são muitas e também o descobrir a nossa cultura, que é muito vasta e rica. 

Os proveitos económicos destas escalas nos Portos Açorianos têm sido bastante discutidos ultimamente. Quem fica a ganhar com este tipo de turismo?
Ficamos todos e, discordo frontalmente de todos aqueles que dizem que o turismo de cruzeiros não interessa, pois se assim fosse não se compreenderia que cada vez mais, todas as cidades e portos vocacionados para o turismo de cruzeiros estejam apostados em melhorar as condições oferecidas aos operadores de cruzeiros, e este facto pude constatar agora na Miami Seatrade 2012 em que estiveram presentes dezenas de países, mostrando as suas estruturas portuárias aos operadores de cruzeiros num claro convite ás suas escalas nesses mesmos portos e regiões. 

Pensa que existem no nosso tecido empresarial empresas que poderiam tirar mais proveitos deste tipo de turismo e que não o fazem atualmente?
Confesso que nesta matéria é difícil pronunciar-me, visto que este tipo de turismo procura determinadas atividades, e são essas atividades que trazem os tais proveitos económicos e geram a tal riqueza que fica distribuída por quem está nessas mesmas atividades.

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