quinta-feira, 14 de julho de 2011

Marrocos e Açores podem ser novas rotas desde Portimão


“Há empresários portugueses que estão interessados em constituírem-se como armadores de cruzeiros e iniciarem, a partir do Porto de Portimão, rotas para o sul da Europa, norte de África e ilhas atlânticas”, revelou, em entrevista ao Barlavento, Graco Trindade, chefe do Departamento de Pilotagem da Autoridade Portuária.
 
 
Os interessados são investidores portugueses que, após terem visitado o porto e verificado as suas condições, manifestaram motivação para criar rotas no verão, servidas por um navio para 500 passageiros. No inverno, a ideia seria procurarem outros destinos, onde a atividade fosse exequível, diversificando a oferta.
 
O objectivo seria aproveitar as condições para tornar o espaço em Portimão num porto turn-around, ou seja, de começo e término das rotas. Por sua vez, seriam integrados nos itinerários portos como os de Lisboa, Leixões, Açores, Funchal, outros da Península Ibérica, Canárias e norte de África.
 
“Esta possibilidade, que seria benéfica para a economia local, dá-nos a perspectiva de alargar uma experiência que já tivemos no passado, pois agora temos sido somente um porto de passagem”, sublinhou Graco Trindade. Por outro lado, “saber que um empresário português quer investir neste porto deixa-nos satisfeitos e tudo faremos para o sucesso dessa operação”.
É que a indústria dos cruzeiros, que mostra uma tendência de crescimento, é apoiada em armadores norte americanos, ainda que a construção naval seja europeia. Por isso, na visão de Graco Trindade, Portugal teria todas as vantagens em ter uma frota própria, começando a construir navios, apetrechados por empresas portuguesas.
 
 Graco Trindade - Foto: veintepies.com

Seria uma mais valia, tendo em conta o crescimento desta atividade no país, espelhado no caso do porto de Portimão. Desde 2007, o porto algarvio mostra uma tendência de aumento do movimento, conseguido através da parceria entre Autoridade Portuária e o Município de Portimão, que tem atraído companhias de cruzeiros em feiras da especialidade.
 
Só no ano passado, ancoraram nesta cidade 34 mil passageiros, em 52 escalas, duplicando os números de 2009. E “as expetativas para este ano são muito positivas, porque há 60 escalas previstas, num movimento de quase 50 mil passageiros, a acrescentar aos 30 mil na ligação à Madeira e às Canárias pelo ferry” da companhia Naviera Armas. Para responder à procura em tempo de época alta, dentro de pouco mais de uma semana, o atual navio da linha regular, com capacidade para 650 passageiros, será substituído por outro onde podem viajar mais de mil pessoas.
 
Além de ser a primeira estrutura ibérica de transporte de passageiros para os arquipélagos da Madeira e Canárias, o Porto de Portimão é também a primeira plataforma portuguesa de abastecimento de produtos frescos para estas ilhas. “A diversidade de valências que este porto tem é a sua maior riqueza e faz com que seja uma porta de entrada atlântica no sul do país”, ilustrou. Por estas razões, Portimão é atrativo para qualquer empresário que queira tirar partido destas condições, como é o caso da criação de novas rotas.
 
A cereja no topo do bolo, que poderá fomentar mais intenções como as dos empresários portugueses que se querem constituir como armadores, será a concretização dos projectos previstos para o Porto de Portimão, com um custo global de 50 milhões de euros. Para o espaço ficar com todas as condições, falta realizar a dragagem a uma cota de dez metros na bacia do Arade, o prolongamento do cais para os 700 metros, basear um rebocador neste porto e modernizar o terminal de passageiros. Para este último projecto, segundo avanço ao Barlavento o vice presidente da Câmara de Portimão, Luís Carito, já há uma “candidatura a fundos comunitários”. Os outros investimentos estão parados, sendo que terá que haver agora uma reunião com o novo Governo para fazer o ponto da situação. Estas intervenções podem elevar o movimento de passageiros para os 300 mil anuais (200 mil em cruzeiros e 100 mil no ferry). Um estudo internacional que analisou os números de 2010, mostra que viajaram 18,8 milhões de pessoas no mundo, enquanto na Europa foram 5,5 milhões, mais dez por cento do que em 2009.

1 comentário:

Anónimo disse...

Sou plenamente a favor de uma companhia de cruzeiros portuguesa, e que escale os portos mencionados, mas atenção:
Quanto mais escalas de navios de cruzeiro tiver Portimão no verão (e não só), mais constrangimentos para a operação regular de ferry para as ilhas. Já ficámos muitas vezes à seca com os horários do ferry alterados devido aos navios de cruzeiro atracados em Portimão que têm prioridade em relação ao ferry. Espero que as autoridades competentes resolvam este problema e aumentem sim se possivel a linha de atraque em Portimão. Senão qualquer dia perdem o serviço ferry para outros portos como Setúbal ou Lisboa. O ferry para as ilhas tem carga rodada. Não é só turistas em férias ou passeio. Há horários a cumprir e clientes à espera das mercadorias, mercadorias muitas delas pereciveis. Um aviso que vai a tempo e que espero que alguém em Portimão oiça.