segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Opinião: Chris Ashcroft

Chris Ashcroft
Editor - Cruise Insight

Perspectivas para o Turismo de Cruzeiros nos Açores 


"A ilha de São Miguel tem vindo a beneficiar da enorme afluência de navios de cruzeiro para o Mediterrâneo, local que continua a atrair um grande número de companhias e operadoras norte-americanas, principalmente nos meses de verão. Por via dessa situação, estes últimos anos têm vindo a revelar a crescente tendência das principais empresas do género em integrar aquele porto açoriano nos seus principais circuitos de reposicionamento atlânticos.

Desde a construção do novo terminal que os serviços portuários proporcionados têm sido claramente um benefício adicional para atrair os maiores e mais modernos navios da actualidade, que usufruem ainda do facto de poderem atracar muito próximo do centro da cidade.

Michele Paige, presidente da Florida Caribbean Cruise Association, numa uma entrevista à Cruise Insight, a revista que eu publico, fez esta observação: “A pior coisa que eles podem fazer (referindo-se a destinos nas Caraíbas) é concentrar-se na procura de novos negócios e ignorar o que eles já conseguiram. Eles precisam de saber receber os navios que escalam os seus portos, porque se proporcionarem uma excelente estadia aos seus passageiros estes vão divulgar uma mensagem de grande satisfação o que incentiva a vinda de novas companhias e navios para aquele destino.”

Por outras palavras, será muito importante consolidar a posição em os que Açores se encontram e reconhecer que a concretização de novas rotas fora do período de reposicionamento é extremamente difícil, ainda mais perante a actual situação económica, quando as operadoras de cruzeiros estão empenhadas em maximizar a redução de custos. Os mais recentes exemplos são a poupança de combustível pela diminuição de velocidade e em alguns casos, no encurtar das distâncias entre os portos de escala.

É com base nestes pressupostos que afirmo o quão importante é assegurar que cada escala de um navio de cruzeiros nos Açores proporcione aos seus passageiros e tripulantes uma estadia memorável no seio da comunidade açoriana, estadia essa que deverá começar com uma calorosa recepção por parte dos locais.

O que os passageiros encontram, se se derem ao trabalho de contemplar interior da ilha, inclui uma paisagem natural preservada, uma abundante flora, vegetação e aves, para além dos enormes vulcões extintos contendo magníficos lagoas e ainda campos de golfe de classe mundial.

O aspecto que suscitará o maior desafio para São Miguel desenvolver o seu turismo de cruzeiros durante o verão, está na distância em relação aos portos mais próximos que realizam turnaround, no caso concreto as Ilhas Canárias e Lisboa, ambos a 800 milhas náuticas dos Açores.

Acresce relembrar que as Ilhas Canárias são frequentadas basicamente como um destino turnaround nos meses de inverno, quando as operadoras de cruzeiro procuram as zonas que têm climas mais quentes.

O Funchal, apenas a 500 milhas náuticas do vosso arquipélago, está actualmente a tentar implementar os cruzeiros turnaround e se isto for bem-sucedido pode representar uma oportunidade para os Açores se integrarem em itinerários regulares.

No entanto, as actuais políticas de contenção de custos estão a resultar na diminuição de velocidades de navegação para economizar combustível e assim mesmo a partir de Funchal vai demorar um navio de cruzeiro mais de 24 horas para chegar à ilha de São Miguel. E das Canárias, 48 horas!

Portanto, há uma necessidade de oferecer às operadoras de turismo de cruzeiros incentivos adicionais para atrair a sua vinda para São Miguel e uma outra ilha, como a Terceira ou Faial, para que estejam nos Açores durante dois dias.

Não há dúvida de que os Açores são uma parte muito especial do mundo. Mas a localização é um factor particularmente desafiador no que concerne ao desenvolvimento de São Miguel como parte integrante de um itinerário regular de verão.

As tendências actuais sugerem que a Europa se tornará o principal mercado mundial capaz de gerar maior fonte de riqueza, bem como o destino de cruzeiros mais popular do mundo até 2020. Este cenário, quando se concretizar, irá implicar todos os anos a contínua vinda de muitos cruzeiros de reposicionamento pelo Atlântico.

A posição de São Miguel neste sector do mercado permanece favorável e em particular desde que os níveis de serviço para os passageiros e tripulantes continuem elevados, mesmo quando houver dois ou três navios atracados no mesmo dia. Por este motivo, temos todas as razões para acreditar que o patamar das 100 escalas por ano será gradualmente ultrapassado.

A melhor maneira de assegurar que o crescimento vai continuar é envidar todos os esforços para manter as companhias que habitualmente nos visitam, o que muitas vezes é mais difícil do que trazer novos operadores."

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